Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF
A Organização das Nações Unidas (ONU), fundada em 1945, tem como um de seus principais objetivos a promoção da paz, da segurança e dos direitos humanos. Dentre suas agências especializadas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) desempenha um papel central na defesa dos direitos das crianças e adolescentes em todo o mundo. Criado em 11 de dezembro de 1946, o UNICEF foi inicialmente concebido para atender às necessidades das crianças no pós-guerra, expandindo sua atuação ao longo das décadas para enfrentar desafios globais em áreas como saúde, educação, proteção contra a violência e resposta a emergências humanitárias [1].
Além disso, desempenha um papel fundamental no monitoramento e na defesa dos direitos infantojuvenis, com base na Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela ONU em 1989. Por meio de programas de assistência, advocacia e parcerias com governos, ONGs e outras organizações, o UNICEF busca garantir o acesso a uma infância digna, saudável, segura e cheia de oportunidades, reforçando o compromisso mundial com a proteção e o desenvolvimento integral das novas gerações.
Em novembro de 2024, o relatório 'The Future of Childhood in a Changing World' destacou a urgência de ações concretas para garantir um futuro digno às crianças diante de crises humanitárias e desigualdades crescentes. Segundo o documento, 'o futuro da infância está em jogo se não forem tomadas medidas urgentes para salvaguardar os direitos das crianças em um mundo em mudança' (UNICEF, 2024). Esse cenário reforça a necessidade de mobilização global para enfrentar os desafios que ameaçam as gerações futuras [2].
Em mais de 20 anos de SOI, o Fundo das Nações Unidas Para a Infância será simulado pela segunda vez. Assim, o UNICEF visará uma simulação extraordinária para esta edição da SOI, haja vista que a exploração de crianças pelo tráfico na América Latina é uma ferida aberta, tão próxima e evidente que muitas vezes preferimos desviar o olhar ou normalizar sua presença em nosso cotidiano. Discutir essa questão é essencial para romper o ciclo de invisibilidade e buscar soluções que protejam essas crianças, cristalizando a necessidade de um comitê tão contemporâneo como este.
TEMA ÚNICO: “A Vida no Movimento: A Infância Armada na América-Latina e o Ingresso da Juventude Periférica no Mundo do Crime Organizado”.
Em tempos de disputas políticas, os jovens foram, e continuam sendo, forçados a viver realidades que nunca deveriam ser suas. O Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança sobre o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados, em vigor desde fevereiro de 2002, prevê a cooperação internacional na adoção de medidas para assegurar que os menores de 18 anos não participem de combates bélicos. Esse documento expressa a preocupação com o recrutamento, o treinamento e a utilização de menores em confrontos [3].
Hodiernamente, na América Latina, o responsável pela cooptação da juventude como atuantes ativos em conflitos armados tem nome: o crime organizado. À luz dessa perspectiva, o Estado, omisso e ausente, tem-se tornado coadjuvante na tragédia que se desenrola ao abandonar as crianças em situação de vulnerabilidade e permitir que o ciclo de violência e exploração se perpetue.
O caso do "Massacre da Candelária", em 1993, é um exemplo claro dessa falha do governo. Crianças e adolescentes marginalizados e sem alternativas, sentem-se fadados a um futuro sombrio, onde a saída palpável para sobreviver é a vida “no movimento”, ou seja, no mundo das organizações criminosas. Esse ciclo, que se repete há décadas, expõe a negligência estatal e a ausência de políticas públicas eficazes para proteger os mais vulneráveis. A realidade da juventude periférica na América Latina é marcada pela invisibilidade, pela exclusão e pela marginalização, onde fatores sociais, econômicos e raciais estão entrelaçados, criando um terreno fértil para um projeto eugenista de dizimação juventude diariamente privados de oportunidades legítimas de uma vida digna [4].
Portanto, analisar a atuação do UNICEF é essencial para entender a complexidade dessa questão e buscar soluções que assegurem um futuro mais inclusivo, seguro e equitativo para as próximas gerações. Assim, destacando a pertinência da temática na contemporaneidade, simular na XIV SOI “A Vida no Movimento: A Infância Armada na América Latina e o Ingresso da Juventude Periférica no Mundo do Crime Organizado” expandirá a criticidade acerca das questões geopolíticas direcionadas aos direitos das crianças latino-americanas.
Guias do Comitê em breve.
Diretores acadêmicos:
César Augusto Soares da Silva
Maria Clara Medeiros Lacerda Cavalcanti
Diretores assistentes:
Ana Luiza da Silva Pereira Araújo
Cecília Melissa Farias Santiago
Lia Maia Tahim
Luis Guilherme Revoredo Martins
Maria Luiza Brito Felisberto da Silva
Victor de Azevedo Ramos
Tutora:
Ana Júlia Alves da Costa
Livros e artigos relacionados:
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AMADO, Jorge. Capitães da areia. 116. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
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MARTUSCELLI, Patrícia Nabuco. Onde estão as meninas soldados? Gênero e conflito armado na Colômbia. Cadernos Pagu, n. 55, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/18094449201900550019. Acesso em: 27 dez. 2024.
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NIÑO VEGA, Nohora Constanza. Habitar a escola no contexto da violência armada: negociar a sua presença. Linhas Críticas, [S. l.], v. 27, p. e35059, 2021. DOI: 10.26512/lc.v27.2021.35059. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35059, Acesso em: 27 dez. 2024.
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SILVA LANZA, Flávia; LESSA ASSUNÇÃO, Guilherme. As crianças no tráfico: um estudo sobre o conceito de crianças-soldado e a atuação do UNICEF no Brasil. Fronteira: Revista de Iniciação Científica em Relações Internacionais, v. 20, n. 39, 2021. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/index.php/fronteira/article/download/24271/1864. Acesso em: 27 dez. 2024
Filmes, séries e documentários relacionados:
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BILL, Mv; ATHAYDE, Celso. Falcão - Meninos do Tráfico. São Paulo: Objetiva, 2006. 262 p. Sinopse disponível em: https://www.amazon.com.br/Falcão-meninos-tráfico-MV-Bill/dp/8539000156 Cidade de Deus (2002), 2h10min, Diretores: Kátia Lund e Fernando Meirelles. Sinopse disponível em: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-45264/. Acesso em jan. 2025. Filme disponível na Netflix. Acesso em 10 jan. 2025.
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Maria Cheia de Graça (2004), 1h41min, Direção: Joshua Marston. Colômbia. Sinopse disponível em: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-55987/. Acesso em 10 jan. 2025. Filme disponível em: Prime Video, Max. Acesso em 10 jan. 2025.
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Os Quatro de Candelária (2024). Diretores: Luis Lomenha e Márcia Faria. Produção: Netflix. Brasil. Sinopse disponível em: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-55987/. Acesso em 10 jan. 2025. Disponível em: Netflix.
Música e podcasts relacionados:
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EPISÓDIO 42 - TRÁFICO DE DROGAS E TRABALHO INFANTIL, COM ANA PAULA GALDEANO. In: CRISP ENTREVISTA. Entrevistado: Ana Paula Galdeano. Anfitriões: Ludmila Ribeiro; Valéria Oliveira; Rafael Rocha.. [S.l.]: CRISP Entrevista, 6 mai. 2024. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/3sxA1s2l7mDqX4nBVUaGWu. Acesso em: 10 jan. 2025.
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LOS NIÑOS DEL NARCO. [S.l.]: Sonoro/Rainbow Lobster. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/show/3rLgH9N0v26FQ7xGXHx3GN. Acesso em: 10 jan. 2025.
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MARÉ: O tráfico. In: OUTRAS HISTÓRIAS. Locução de: Dráuzio Varella. [S.l.]: Portal Dráuzio Varella, 2 nov. 2021. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/3wcUz2D3SLa5swTDC89vPG. Acesso em: 10 jan. 2025.
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RACIONAIS MC's. A vida é desafio. In: RACIONAIS MC's. Nada como um dia após o outro dia. São Paulo: Cosa Nostra, 2002. 1 disco. Faixa 15. Disponível em: https://open.spotify.com/intl-pt/track/4mZu6NuOntvYZqCZPrxTqT?si=b64ea556 1c084e26. Acesso em: 10 jan. 2025.
REFERENCES
[1] UNICEF. Who we are. Disponível em: <https://www.unicef.org/who-we-are>, Acesso em 10 jan. 2025.
[2] UNICEF. The State of the World’s Children 2024. Disponível em: <https://www.unicef.org/reports/state-of-worlds-children/2024>, Acesso em 10 jan. 2025.
[3] UNICEF. Fortalecimento da Convenção sobre os Direitos da Criança: Protocolos Facultativos. Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/fortalecimento-da-convencao-sobre-os-direitos-d
a-crianca-protocolos-facultativos>, Acesso em 10 jan. 2025.
[4] BRASIL, A. Chacina da Candelária: vítimas são lembradas após 30 anos do crime no Rio de Janeiro. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/chacina-da-candelaria-vitimas-sao-lemb radas-apos-30-anos-do-crime-no-rio-de-janeiro/>. Acesso em: 10 jan. 2025.